quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Alice (is not) in wonderland.

O eterno gosto amargo das coisas que não tiveram o seu devido fim.

- Feliz Aniversário! – ele esboçou um sorriso e estendeu a mão para cumprimentá-la. Alice olhou para a mão de Thiago. A mão que antes afagava seus cabelos e nunca cansava de lhe acariciar agora tocou a sua friamente.
- Obrigada. – ela não se deu ao trabalho de sorrir. Já estava cansada demais de fingimentos. Estava esgotada, derrotada. A situação não lhe agradava, lhe doía, e era isso que iria demonstrar.
- Que coincidência...
- Não acho que seja. – as palavras pareciam cobertas de gelo.
- Porque não? – ele fez cara de menino quando é contrariado. Alice sentiu uma vontade enorme de abraçá-lo.
- Você sabe que aquele é meu restaurante preferido. Você sabe que hoje é meu aniversário.
- Acha que fui de propósito?
- Seu divertimento é me magoar, me ferir. Você não perderia a oportunidade de mostrar sua nova namorada, de beijá-la em minha frente.
- ...
- Porque o silêncio? Você sempre tem algo a dizer. Então diga! Termine logo com isso, acabe comigo de vez. É muita crueldade ir me matando aos poucos.
- Eu te amo.
- NÃO AMA! Não me abandonaria se me amasse. Não estaria com ela se me amasse.
- Ela só tem meu corpo, você tem meu coração e minha alma.
- Então, porque ainda está com ela?
- Porque eu sou egoísta.
- Não aguento mais essa sua cara de quem não sofre, sentindo pena de mim. Eu não preciso disso. Eu não preciso de você. – e vira as costas numa pressa repentina, sem a menor vontade de ir embora, voltando a fingir.
- Desculpe. – sua voz saiu fraca, quase um sussurro. Alice parou, mas não se virou para encará-lo, sentia o nó na garganta e temia que ao encarar aqueles olhos, os seus não aguentassem.
- Não lamente, a escolha foi sua. - Apertou o botão do elevador, e torceu para que este fosse mais rápido que o arrependimento de não tê-lo perdoado. Entrou, e respirou fundo, precisava esperar só um pouco para desabar.
Quando o elevador abriu no terceiro andar, ele estava encostado ao lado de sua porta, com as mãos nos bolsos e aquele olhar que Alice não aguentava. Thiago sempre foi mais rápido nas escadas. Lembrou que eles faziam aquelas brincadeiras, e ela achava incrível ele chegar mais rápido do que o elevador. Livrou-se dos pensamentos e fingiu que ele não estava lá, andou até sua porta e revirou a bolsa atrás das chaves, com mãos trêmulas.
- Posso ao menos te ajudar?
- Vai embora Thiago, já não basta a conversa no hall, já não basta... tudo. Eu só quero ficar sozinha.
- Alice, olha pra mim.
- Eu não posso. – e ele a segurou, fazendo com que eles ficassem cara-a-cara, pele-a-pele, coração-a-coração.
- Eu não amo aquela garota. Eu amo você.
- Esse é o grande problema. Suas palavras não batem com suas atitudes.
E ele a beijou. Um beijo terno e sufocado, cheio de saudade. Ela relutou, mas segundos depois estava entregue em seus braços e deixou que a bolsa escorregasse ao chão, para que pudesse abraçá-lo firmemente.



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Hoje faz um ano que o borboletas existe! :) E já que é pra apagar as velinhas e fazer um pedido de olhos fechados, eu só desejo continuar com esse cantinho por um longo tempo, desejo que as idéias para boas histórias sejam diárias e desejo também que o blog cresça, ganhe o mundo. Sonhar nunca é demais! O meu muito obrigado aquelas pessoas que me deram palavras de incentivo para continuar a escrever, saibam que foi sim muito importante. Então, é isso.

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