terça-feira, 16 de junho de 2009

primeiro beijo, último romance.

numa terça á tarde, na casa de Thiago.


- Escuta essa música. – Ele colocou um fone no meu ouvido e outro no dele, sentando-se mais perto de mim. Estávamos no jardim de sua casa, sentados no banquinho de pedra embaixo de uma árvore grande, que fazia uma sombra deliciosa. Os primeiros acordes da música começaram e ele pegou minha mão, beijou-a e entrelaçou seus dedos nos meus. Tentei não ficar nervosa para que minha mão não suasse. Encostei a cabeça em seu ombro, e a brisa veio com mais força, balançando os galhos da árvore acima de nós. Concentrei-me na música. Era linda. Ele se mexeu devagar, e eu levantei a cabeça de seu ombro, ele deitou em meu colo e eu passei os dedos pelo seu cabelo, assanhando-o. Thiago riu e fechou os olhos, seus lábios se moveram, sem emitir som algum, cantando em silêncio. “E ninguém dirá que é tarde demais, que é tão diferente assim, do nosso amor a gente é quem sabe, pequena...” Passamos mais algum tempo assim, até que a música enfim acabasse. “E se o tempo for te levar eu sigo essa hora, pego carona, pra te acompanhar.”

- O que achou? – ele perguntou, cheio de ansiedade.

- É linda, muito linda. – sorri, meio sem graça e lhe entreguei o fone de ouvido.

- Ela me lembra você. – ele se levantou e sentou-se ao meu lado. Tirou uma mecha de cabelo que cobria meus olhos, já que o vento insistia em me deixar despenteada. Olhou-me nos olhos, e desta vez eu não desviei, ele se aproximou e quando já estava tão perto que eu podia sentir seu hálito quente em meu rosto, ele sussurrou um “eu te amo Alice” quase inaudível e me beijou. Seus lábios eram macios e calmos, e se movimentavam de um jeito tão doce. Depois ele me abraçou e afagou meus cabelos.

- Eu também – foi o que consegui balbuciar.

- Sabe, desde aquele dia que te vi na escola, de algum modo eu sabia que você iria ser especial para mim.

- Eu sonhava com você todas as noites.

- É sério?

Eu balancei positivamente a cabeça. Ele me beijou novamente, desta vez um beijo mais demorado, suas mãos estavam em minha nuca e seus dedos entrelaçavam meu cabelo. Meu celular nos interrompeu.

- Alô? Ah, oi pai. Sim, já estou indo para casa. – Não podia ser numa hora mais inapropriada.

- Eu vou te deixar em casa. – ele se levantou e me puxou pela cintura, me envolvendo em seus braços.

- Não queria ir agora – choraminguei em seu ombro.

- Eu não queria que você fosse nunca.

- Mas eu vou sempre estar por perto. – levantei o rosto e sorri para ele. Depois me soltei de seus braços para pegar minha mochila, e ele me puxou de volta, me abraçando novamente.

- Isso é o que me conforta. Saber que você estará sempre por perto. – sua boca foi de encontro a minha, e ele teve de ficar meio curvo para isso. Era muito alto.

- Tenho mesmo que ir.

Ele colocou minha mochila em suas costas, segurou minha mão e me levou para casa. E eu nunca me senti tão segura, tão completa, tão amada.


Do diário de Alice.


-

Inspirado em um momento da minha vida que queria escrever para nunca esquecer. Apesar de achar impossível esquecer isso. Algumas coisas não são tão reais, já que resolvi adaptar para Thiago e Alice. E a parte que eu gostaria que fosse verdade, e que ele sabe... é a de estarmos sempre perto.