sábado, 23 de maio de 2009

com pressa para esperar.

fim de tarde, pôr-do-sol dourado e até que a morte os separe.


- Thiago! – gritou Túlio pela 5º vez em menos de 10 minutos. A impaciência o dominava, fazendo-o jogar as chaves do carro de uma mão a outra. Thiago colocou a cabeça para fora da janela do apartamento e gritou um desaforo pro irmão. “Mas que diabos, ele não pode esperar alguns minutos?” pensou ele. Tinha que encontrar a caixinha de veludo, que deixara ali encima em algum lugar. Parou de revirar tudo, para tentar se lembrar onde a tinha deixado. Contemplou sua sala de estar, apesar da bagunça, percebia-se que era ampla e espaçosa. Decorada cuidadosamente por ela. Pôs se a relembrar alguns instantes de sua vida. De como seus sonhos haviam mudado nos últimos anos. A pensar sobre como as realizações são sempre diferentes dos planos que se fazem quando se tem sonhadores 18 anos e uma vida inteira pela frente.

Despertou dos seus pensamentos com batidas na porta, Túlio era mesmo impaciente. Nem esperou que Thiago abrisse a porta e já foi entrando, tropeçando em umas caixas na entrada.

- Ei cara, você tem que arrumar essa bagunça! Ai, que droga! – Ele falou rápido, sentando-se no sofá e massageando o tornozelo que colidiu com uma das caixas, o que fez com que ela virasse e todo o seu conteúdo se espalhasse pelo chão da sala.

- E nós realmente precisamos ir. Você não pode chegar atrasado, fiquei responsável por você, simplesmente me matariam se você chegasse depois da hora combinada. – Continuou ele, ainda fazendo caretas por conta da dor no tornozelo. No meio de alguns livros e CDs que caíram da caixa, Thiago viu a pequena caixinha de veludo vermelho que procurava.

- Achei! – gritou ele eufórico. - Agora podemos ir.

- Esse smoking realmente ficou bem em você. O meu está apertado na gola, isso incomoda muito. Eu pedi a Nanda para fazer alguma coisa, ela mandou que eu parasse de comer doces durante a noite. Essas mulheres, cada vez mais complicadas. – Túlio atravessou a bagunça da sala até a porta.

- Mas não é ela quem faz os doces?

- Por isso digo que são complicadas, faz os doces e deixa na geladeira, e reclama quando eu os como. O que posso fazer? São deliciosos!

Thiago riu do irmão e abriu a porta do apartamento. Pensou que quando entrasse de novo por aquela porta, seria com sua esposa nos braços. Túlio sempre lhe despertava desses devaneios, foi assim o caminho inteiro até a porta da igreja.

- Thiago, acorda! Já chegamos! – ele cutucou o braço do noivo distraído.

Era infinitamente junho. E ele devia esperar por alguém. Já sabia que rosto desejava encontrar.