quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

continuo então, pelo começo


10 de fevereiro de 2004, 7 da manhã, dia inesquecível e ensolarado.


Acordou com alguns raios de sol intrometidos que invadiam o quarto, pelas frestas da janela. Seus pés começaram a esquentar, o que ela detestava, porque tinha que se levantar pra ajeitar a cortina. Quando encosta a cabeça no travesseiro, o despertador toca. Banho rápido, café amargo e torrada fria. Gritou um tchau pro pai que estava no banho, pegou as chaves e saiu. Andou rápido, quase correndo, mesmo sem estar atrasada, mesmo o colégio sendo a três ruas dali... A pressa era de encontrar no meio de tantos olhos, o olhar que lhe importava. De repente estava perdidamente apaixonada por olhos misteriosos e castanhos, que pertenciam ao garoto novo da escola. Thiago. Era por ele, que Alice se levantava todo dia de manhã, mesmo que o sol esquentasse seus pés e a torrada estivesse fria, mesmo que nunca tivesse trocado uma palavra com ele, tudo mudava quando encontrava aqueles olhos.

- Alice! – um gritinho fino ecoou, seguido de passos apressados e antes que Alice realmente despertasse do sonho com Thiago, Isa já estava do seu lado, com os cabelos cacheados balançando sobre os ombros.

- Ah, oi Isa. – Alice sorriu para a amiga, que conhecia desde a infância, com quem divide todos os segredos. Porém não havia falado de Thiago, apesar de já fazer uma semana que as aulas tinham começado.

- Você não sabe Alice, não sabe! – Começou ela, quando as duas já estavam a alguns passos de dobrar a esquina da rua da escola.

- O que foi?

- O George me ligou ontem sabe, e ele disse...

Viraram a esquina e Alice já não conseguia mais prestar atenção em nada a sua volta. Ele estava sentado num degrau da escadaria da escola, os olhos em sua direção, de encontro aos seus. Continuou andando, só que agora não tinha pressa. Quando chegou mais perto, desviou os olhos, sentiu as bochechas queimarem e subiu as escadas o mais rápido que pôde.

- Pra quê essa pressa? – perguntou Isa quando Alice encostou na coluna do pátio para recuperar o fôlego.

- A gente pode conversar outra hora? – Atravessou o pátio tentando respirar normalmente e não conseguiu segurar um sorriso quando lembrou que naquela manhã, seus olhos estavam no dela.


Por Narradora.